Mais um tempo fora do blog, voltei aqui pra reler algumas coisas e deletar outras... Hoje foi um dia diferente....Dia 30 de novembro,aniversário de uma amiga querida, amanhecemos na rua, mas à tarde me veio uma lembrança de que não é só dela essa data, me veio a lembrança de uma memória comemorada por 2 anos e que não pôde ser mais comemorada. O destino nos deu uma rasteira, nos separou. Eu sei que memória foi, você, aí nesse céu cheio de estrelas e de infinito sabe. Algumas pessoas podem se lembrar vagamente, mas eu, eu jamais vou esquecer! Tô vivendo, tô acertando e errando como tem que ser. Vou errar mais ainda, vou acertar também, muita coisa ainda pode acontecer até que a gente se encontre novamente... Fica aqui uma memória do jeito que eu sei fazer: Com palavras e letras, hora cantadas, hora escritas, fica aqui e no meu coração!

Quem sabe um dia? 

Foi no 30 de novembro, esquece o ano, é bobagem o tempo...Foi no fundo aqui de casa, ali no chão, no carpete improvisado.Foi com um monte de gente ali na frente, sentados, de pé, tocando suas músicas.Foi de repente e sem planejar e assustador.Foi esperado, muito ansiado e proibido.Foi cheio de culpas mas mais cheio de motivos.Foi o primeiro, o que abriu a porta, plantou janelas nos nossos olhos.Foi a semente da planta mais forte que eu já vi crescer.Foi... E eu nunca mais me esqueci. Nem você!Foi no 30 de novembro que eu recebi uma flor amarela do jardim do vizinho.Foi o primeiro dos dois 30 de novembros em que eu recebi flores amarelas quase todos os dias.Foi o  que ficou aqui, porque você não ficou...Foi...Quem sabe um dia?

                                                                                                        Leydi Martins 

Memórias. Parte VI

A um tempo atrás eu postei algumas transcrições do meu "blog manuscrito" (vulgo DIÁRIO, é, tem gente que ainda faz um diário...) pra tirar algumas memórias do sistema, ontem andei lendo mais alguns e resolvi continuar o processo, então lá vai...

09 de Janeiro de 2011
Domingo

[...] Pura ansiedade hoje...adrenalina a mil, eu preciso me controlar se não eu surto! [...] E essas saudades que aparecem e não se fartam de recados nem de telefonemas, que não se servem nem um pouco de lembranças boas e ficam roncando a barriga de uma fome que tem nome, sobrenome e endereço certos, então nada alimenta...    Queria tanto apressar o tempo, espiar lá dentro do que virá e poder ser um acalento pra gastura que também há do lado de lá... Ver de perto o que ainda é longe só por um momento, só pra aliviar. Pra saber se eu sonho dentro ou se já posso desapegar...    Quem me dera aprender um jeito de não sofrer sem sequer saber... de poder não chorar doído uma dor que dói sem saber se há!    Hoje ainda eu ouvi de longe, lá do pé do mapa, que carece não... mas agora é pensar num meito de fazer saber isso o meu coração...

Não sei se isso faz bem, se faz mal, se faz alguma coisa, só sei que é estranho reler essas memórias, mais estranho reviver algumas coisas que eu sentia na época... Como é estranho mudar.... 

A alma sempre muda

Muda a cara, muda a vida, o coração muda, a alma, muda.Sem nada dizer, muda, a alma muda, cresce em cores, cresce em dores, O tempo passa, vêm as lições, vem as mazelas, vem os perdões, E a alma? A alma muda... sem nada dizer, muda.

Passa o ano, passa o carro, a amizade também muda, Sem avisar, o amor também muda a alma, que muda, pára de sentir...As viagens ensinam, os prazeres distraem, os perdões nem sempre vem,E a alma? Sempre muda, tudo muda, de um jeito ou de outro...

E a alma, sempre muda. 

Normal

...aí você começa a viver, as lembranças vão ficando turvas, se perdendo, você se convence de que tudo acabou e que você precisa conhecer novas pessoas, dar oportunidade pra novas experiências, começa a sair mais, faz algumas pequenas loucuras, muda alguma coisa aqui, ali... 
De repente você lembra da pessoa sim, mas se obriga a levantar da cama, tomar um banho, colocar uma roupinha mais arrumadinha, ligar pros amigos e sair e de repente a vida acontece. Mesmo com o coração tomado pela dor, pela dúvida, pela saudade, pela raiva, aparece um alguém que te chama atenção e você fica perto, anda junto, as coisas tomam seu rumo... O beijo não é igual, o abraço não é igual, é lógico que você vai comparar, mas e daí? Acabou! Ele não quer! Quem quer fica perto, quem quer dá um jeito, quem quer faz... E você nem leva a sério, não é tão forte, não te arrebata o ar, não te desatina as idéias, então você continua vivendo, continua sorrindo, continua dançando conforme a música...Até finge que é tudo normal, que é normal ficar chorando ao reler as mensagens que não se sabe por quê você até hoje não apagou, que é normal você olhar o perfil dele no facebook e chorar vendo as fotos...finge que é normal estar beijando outra boca e com os olhos fechados se lembrar dos olhos dele... É normal! É tudo muito normal! Super normal você encontrar uma conta do seu celular "daquela época" e chorar quando vê quatro páginas de ligações e SMSs pra um só número...
Normal é sofrer, eu só espero que seja normal um dia isso tudo ser só mais um texto no meu blog...

Expectativas: Manual de aceitação.

Faz tempo que eu venho pensando sobre isso e resolvi escrever. Aí vai a minha opinião sobre "criar expectativas". 
Primeiro vamos definir o que são expectativas: 

Significado de Expectativa

s.f. Condição de quem espera pela ocorrência de alguma coisa; perspectiva: expectativa de tempestade.
Estado de quem espera algum acontecimento, baseando-se em probabilidades ou na possível efetivação do mesmo.
P.ext. Desejo intenso por algo próspero: expectativa de um bom trabalho. 
(Etm. do francês: expectative)

"Estado de quem espera algum acontecimento, baseando-se em probabilidades..."  Essa parte da definição me pegou pelo pé, já que eu vou muito pela parte lógica da coisa e cá entre nós, gente, se eu me baseio em probabilidades, então quer dizer que existem possibilidades reais de que o que eu espero ou anseio, eventualmente se concretize. Aí me vem um daqueles super resolvidos emocionalmente (só que não) e me falam: "Você não deve criar expectativas pra evitar se decepcionar, o segredo da vida é não esperar nada de ninguém...". Cara! Na boa mesmo, sendo o mais realista possível, isso é utopia, no mínimo! A não ser que você tenha algum distúrbio psiquiátrico que te aliene de qualquer sentimento, se você for um ser humano razoavelmente normal, VOCÊ VAI CRIAR ALGUM TIPO DE EXPECTATIVA SEMPRE. Agora me expliquem por quê é tão "feio" admitir que se criaram as tais infames? Por quê é tão desonrado assumir publicamente que quando você pegou aquela menina que você queria pegar a muito tempo e sabia, lá no fundo da mente, que ela é apaixonada por outro e provavelmente estava ficando com você por carência ou porque não tinha o que fazer, lá no fundo do seu coração você não quis que ela, enquanto vocês ficavam, tivesse um "inprinting" com você???? É tão feio assim admitir? Olha, ninguém, por mais forte, resolvido, feliz, desapegado ou seja lá o termo que se use, tendo coração, sendo um ser humano psiquiatricamente e psicologicamente um tanto quanto "normal", deixa de criar expectativas. O que acontece é que tem gente que tem coragem de assumir e tem gente que prefere botar uma máscara de "sou foda" e sair arrotando frases feitas pra depois chorar escondido debaixo do chuveiro.

Agora se você discorda de mim e acha que existe a possibilidade de viver nesse mundo, passar por várias fases da vida, fazer vestibular, ter o primeiro namorado, o primeiro emprego, abrir o primeiro negócio, o segundo, o terceiro, ter filhos, carro, cachorro, periquito e nunca, jamais criar nenhum tipo de expectativa e sofrer quando inevitavelmente algumas delas forem frustradas, por favor, me passe o número do seu psiquiatra?

 #ProntoFalei

Eu quero, mas...

Eu quero seu colo de novo que pra dizer que é onde eu sempre quis estar

mas deveria ter ficado nele enquanto podia

Eu quero poder te dizer que é você quem eu quero que é pra você entender de vez que eu não quero mais ninguém

mas deveria ter dito enquanto você queria ouvir

Eu quero rir das suas bobagens e ouvir suas dores que é pra você saber que eu sou parte sua em qualquer uma delas

mas deveria ter rido mais,abraçado mais enquanto ainda podia

Eu quero sentir seu coração batendo forte quando me abraça que é pra você saber que o meu bate igualzinho

mas deveria ter sentido quando você quis mostrar

Eu quero você

Eu quero nós dois como você um dia quis

Eu quero voltar no tempo e me mostrar que tudo que eu sempre quis era você

mas deveria ter visto e não vi...

Inerte

Hoje a raiva contida transborda em forma de lágrima porque não pode sair em palavras

Não pode tomar a forma de frases que resolveriam meio mundo mais uma vez

Mais uma vez o medo mantém refém  sob a mira de uma arma afiada toda a vontade de gritar aos sete ventos tudo que vem acontecendo aqui dentro.Tudo é meticulosamente disfarçado, desmentido, despistado, escondido... mais uma vez...

Agora é só sentar e assistir ir embora com raiva talvez, não sei, me magoando ferozmente com toda certeza, mas que novidade há nisso? Essa é a única certeza que eu posso ter: A de que vai doer. Talvez dessa vez mais que as outras porque particularmente nunca tinham chegado tão perto...

Minha raiva é grande porque fico sentada, inerte, olhando um vazio que custou tanto pra existir de um lado e de outro fico olhando um encaixe que poderia tanto se moldar a esse vazio e o que precisa acontecer? Movimento. Vontade. Ação. E o que acontece? 

Vou mais uma vez hoje tomar mais uma dose de alienação e dormir por mais umas 8 ou 10 horas esperando não ter que pensar nisso até que todo mundo se canse e a vida siga... A vida de todo mundo é claro...menos a minha.

Inerte.

Tão paralisada quanto o medo que a mantém refém.

Nem a dor.

Quando tão somente o silêncio é o mais alto lamento, o sorriso brota e encobre a tempestade que devora por dentro quem escolheu calar uma dor sozinha até que ela morra de desgosto e falta de luz. Um dia ela acaba. Um dia passa. Nada dura pra sempre sem que mude. Nem a dor. 

Ainda...

Mesmo que o mundo mude tudo, eu ainda estarei aqui. . .


E se o tom da música mudar, eu ainda estarei aqui. . .

Se o acorde dissonar, eu ainda estarei aqui. . .

Ainda que a fúria do tempo arranque, implacável, pedaços da minha vontade, eu ainda estarei aqui... 


Mesmo que de tudo só reste a minha lembrança, eu ainda estarei aqui. . .


Se depois de toda dor, todo riso, toda lágrima, ainda existir esperança, eu ainda estarei aqui... . .


E mesmo que toda a sua esperança se desfaça, eu ainda estarei aqui... . .


Toda promessa feita não nasceu do coração humano, eu ainda estarei aqui...

Papo de super herói

Depois de horas de conversa e uma longa pausa ela disse rindo, já sabendo o que ia provocar:

- é que eu me esqueço que você tem sempre que ser super herói!

- e eu esqueço que você é você!

E agora? Vai provocar, vai...

- e o que eu sou ? - disse já imaginando a resposta mais engraçada do mundo - adoro me ver por outras lentes...
Uma outra longa pausa e de repente o inesperado:

-Você é a verdade que não tem pudor, é a paz que não tem amor, e o ódio que não tem rancor...

Como assim? Como esse cara conseguiu definir tão bem o que nem ela e a sua legião de terapeutas não tinham conseguido definir ainda? Por quê o que era tão bem escondido se mostrava tão fácil pra esse cara? Isso não podia ficar assim...

- sim, sou isso tudo aí às vezes quando preciso ser, mas sou muito, muito mais quando não preciso ser nada e só quero ser tudo...

Será que agora bastava?
Quem dera... Mas o cara era esperto, jogou o truque mais conhecido do mundo,o do "eu tava brincando", mas logo depois acabou por derrubar o restante dos tijolos que ainda perduravam do muro...

- eu tava brincado, você é uma pessoa frágil como todas, mas com sabedoria o suficiente pra não entrar onde tem perigos maiores que suas capacidades

De onde vinha tanta precisão? O que restava a ela além de vociferar análises? Era tudo que ela sabia fazer,então foi o que fez:

- lembra o que eu te disse sobre brincadeira ser um teste do inconsciente pra saber se onde ele tá pisando é solo firme? Pode pisar, o solo é seguro...

O Vento...

Então agora meu nome é folha, seu nome é vento.
Me leve a passo lento pro rumo que quiser
Pois sei que meu rumo agora é seu acalento

Então agora meu vento é calmo e sem movimento
Não quer mais ser tormenta ou furacão, só paz
Calou-se inexplicavelmente o vento, ninguém além de mim
Tá lento...

Então agora seu corpo é livre, seu nome é vento.
Me deixe a passo lento no rumo que eu quero ir
Pois sei que meu rumo agora é seu.
Acalento.

Então agora meu vento é lento,mas não cedeu ao tempo
Calma, ele ainda é vento
Você não vê o vento, mas continue sentido
O vento é tudo que te cerca e não te deixa nem em pensamento
O vento é tudo que você precisa.
O vento.

Astronauta das notas

Hoje eu quis falar de estrelas, quis falar de céu, de lua , firmamento

Acabei lembrando do astronauta que navega um céu de melodia

Ele quis subir na nave que levasse pra bem longe dessa terra insana toda a insanidade que hoje às vezes cega

Acabou se apaixonando sem saber que viajaria muito além do que a tal da nave um dia poderia sonhar em chegar

O tal astronauta tem no peito um grande norte que mesmo sem que ele veja, sempre o mantém ciente que nem tudo é certo, que nem tudo pode

Sabe 103 maneiras de fazer sentir a paz que só uma maneira traz

Ele sabe que o que tem no peito não cabe em si mesmo, mas o medo de sair de dentro deixa o peito aflito, pura pressão que sai em notas soltas

Sem saber o que fazer, deixa o tempo, o vento, o acaso, o outro, a vida cuidar do que é dele e na verdade nunca foi só dele, só.

Solta toda essa amargura do jeito mais puro, mais sólido, mais claro, mas quase ninguém entende.
Acaba acalentando quem não tem outro remédio a não ser ouvir as próprias amarguras espelhadas e aprender

Esse astronauta nunca pôs os pés no firmamento, mas todo dia, de alguma forma, ensina alguém a tocar uma estrela com um tom diferente

Todo dia sem usar muitas palavras traz pra perto de quem chega mais perto um pedaço do universo.
Todo dia, cada dia um planeta, cada dia um universo.

Cada universo um pensamento.

Até passar.

Meu coração salta, treme, quase pára quando vê seu nome
Sem pedir licença você chega, arromba portas, destrói as barreiras que eu tão cuidadosamente criei em volta de mim...
No meio de tantos tornados, tantos terremotos, a paz que eu encontro é, por incrível que pareça, no centro do furacão que é sua voz, seu olhar, sua paz tumultuada!
Quantos mundos temos que conquistar pra que possamos ter o nosso planeta?
Na sua mão cabem todas as minhas letras?
Seu coração vai cuidar bem dos devaneios do meu cérebro apaixonado?
No seu abraço vão caber mil e cem palavras escritas a tinta vermelha na nossa pele, à caneta?
Vou tatuar meu beijo na sua nuca e te marcar o coração com um sorriso aberto
Vou me aninhar no seu colo e deixar o temporal passar.
Até passar.

Só hoje...

Posso sentir falta de você só um pouquinho? Deixa eu esquecer que a gente não é mais a gente só agora e pensar que eu ainda posso chorar no seu abraço sem precisar falar por quê, por favor...
Ah, eu nem quero lembrar agora que a gente não se fala mais a meses, deixa eu pensar que sim, só agora, por favor, deixa eu sentir só um pouquinho mais aquela sensação boa de poder me ver nos seus olhos e me sentir a pessoa mais segura do mundo mesmo no meio desse furacão, vai...
Deixa eu pensar que eu ainda tenho você pra me fazer ver a luz no meio de tanta escuridão, no meio de tanta maldade, no meio de tanta coisa ruim... Que droga! Não me lembra que você é um filho da puta egoísta agora! Deixa eu lembrar de você cuidando de mim quando você era meu amor pra vida inteira! Deixa eu pensar só agora, só por esse momento que eu preciso tanto que você ainda sonha com a nossa casinha no meio de um monte de árvores cheia de bichos e plantas e pés no chão. Pára de me lembrar que a gente se distanciou tanto que nem nos conhecemos mais! Cala a boca! Só me abraça e pelo menos finge que ainda é aquele homem que me via por inteira sem precisar nem estar no mesmo estado que eu. Só hoje, só agora, por favor...

Faxina paleativa

Hoje foi um dia de limpeza. Comecei pela cozinha, tinha louça de semanas atrás, de um churrasco que fiz com gente que passou por aqui jogando Banco Imobiliário e ficou pela minha vida, tinha louça do almoço corrido do dia que tive que levar uma funcionária no hospital e fiquei conversando com ela sobre como a mãe dela não ligava a mínima... fiquei pensando no por quê da Érika ter nos abandonado com tão pouco tempo de serviço, deve ter arranjado outra casa menos bagunçada... fui arrumando a cozinha e parando, lendo um pouco, ficando um pouco na frente da TV, navegando um pouco, aí resolvi limpar meu quarto que também sentia falta da Érika, limpei, limpei, lavei, enchi a máquina de roupa suja, bati um papo, joguei The Sims (meu mais recente vício), lembrei que fazia tempo que meu carro também não via o aspirador, fui lá promover o reencontro... esse foi o que me deu mais trabalho, fiquei horas absorvida pela aspiração do meu pobre tomatinho imundo até que me dei conta que o banheiro também precisava de uma boa lavada e lá fui... Resolvi comer temaki, no caminho encontrei meu amigo de sempre, o Gustavo e proseamos um pouquinho antes dele encontrar a namoradinha fofa dele, cheguei em casa com os meus temakis e uns chocolates já que eu não sabia o qual queria, comprei alguns pra descobrir (descobri, era gosto de chokito que a minha boca queria!), agora tenho uns 3 ou 4 chocolates abertos que provavelmente vão ser devorados pelas formigas ou pelos meus gatos, o que vier mais rápido... Quando finalmente terminei a última limpeza, que foi a do meu pátio, foi que percebi que a limpeza que fiz o dia todo foi da alma... era essa que eu queria limpar e fiquei procurando alguma coisa pra disfarçar... deixei as lágrimas finalmente caírem livres pelo rosto pra ver se encontravam o rumo que a alma, o coração, a mente, o corpo andam procurando hoje e percebi que elas morriam no meu peito. Entendi que minhas dores nascem e morrem no mesmo lugar, a única coisa que tem entre elas é o tempo. Não sei se esse tempo é bendito ou maldito. Sei que hoje choro e não sei por quê eu mesma sou meu abrigo. Finalmente a limpeza fez sentido.

Papo coração

- então me explica! por que você tá com ela cara? Ela pelo menos é gostosa?
- é... pra mim é...
- mas ela é toda ossuda! Sério! Ela parece aquela mina da família addams!
- mesmo? Ela deve ser linda então!
- cara, depois que vocês começaram namorar a gente nem sai mais pra pegar geral... o Maurão esses dias tava me perguntando de você... nunca mais a gente foi pra balada!
-ah, sabe o que é? Não tem mais graça... eu prefiro ir ao parque com ela levar os cachorros pra passear, fazer bolo de chocolate às 2 da madrugada, rir dela tentando plantar ervas na soleira da janela...
- na boa, eu sou seu amigo, eu não queria te falar isso não, mas ela é um dragão cara, o pessoal tá falando por aí que ela deve ter feito uma macumba pra te segurar, pô cara, você só pegava filé, lembra da Mônica? Ela tá na sua até hoje, essa mina aí é mó furada, nem da galera ela é, aposto que tá na sua pra pegar carona na sua pinta...
- Sergio, eu sei que você é meu amigo, por isso eu não ligo... mas olha bem, só ela sabe me abraçar na altura certa pra eu me sentir em casa, o beijo dela tem a temperatura exata do meu ponto de ebulição, quando meu coração dói, só ela tem o tom de voz perfeito pra me aconchegar e me fazer sorrir de novo, se eu penso em mim daqui 10 anos eu não me vejo mais como me via antes de conhecer essa menina, eu me vejo feliz, com ela do meu lado, com uma vida que ela construiu do meu lado, segurando a minha mão. Quando eu caio e faço as minhas merdas, ela é a primeira a me mostrar por que caí, mas é também a primeira a me mostrar como levantar, e sempre, sempre me dá a mão pra que eu me levante com ela ao meu lado. E quando ela faz as merdas dela, aí sim é que eu vejo por que eu prefiro estar com ela a estar sem...
- por quê?
- porque eu sei que só eu tenho a mão que ela quer segurar pra levantar...

Vortex

Foi assim, tão de repente que você se fez presente, mais presente que a própria presença em si.

Foi assim, que mais que de repente, suas respostas se tornaram tão fortemente preciosas que não mais se faziam necessárias às perguntas.

As suas certezas brotaram tão de repente quanto a sua presença. Tão de repente quanto as minhas dúvidas torturantes.

Tão intensas quanto a minha vontade de te saber mais e mais e mais.

E é sempre um prazer imenso te sentir completar as partes que faltam de mim com tamanha facilidade que assusta.

É sempre um pavor imenso me ver sendo drenada por esse vórtex que me leva pra você e irremediavelmente de volta pra mim.

Fala

Fala
Declara
Rasga o verbo num sujeito oculto atrás de qualquer coisa
Abraça
Tranquiliza
Traz a paz que a sua boca tira
Tira os olhos e põe as mãos
Faz delas colo
Esquece as dores e aquieta, agora pode.
Não torture mais assim por não saber a pobre mente o que o coração insano sente
Fala
Sossega que agora é porto e não mais mar aberto
Não traz mais choro, traz o abraço.
Anda, minha urgência te chama alto, te grita, te implora.
Consente, permite, descansa
Fica mais que cada minuto a mais é pouco
Não corra, não suma, não fuja.
Sente
Queira com a mão, o peito,os olhos, toda força, toda a mente.
Seja inteiro
Tome conta porque cansei de fugir
Tome de assalto porque cansei de esperar
Tome posse porque tudo que ofereço é seu e eu nem sei mais quem sou sem ser assim...

Falta da falta

Hoje eu tô sentindo falta de um colo, de um abraço, mas não é de amigo, não é de irmão, é aquele colo que só uma pessoa pode dar, só uma pessoa tem. Hoje eu preciso de ouvir um tom de voz, mas não um qualquer, mesmo que seja do meu melhor amigo não serve, tem que ser aquele tom de voz que acalma todas as minhas ansiedades, aquele tom de voz que por si só já traz a paz que eu necessito. Hoje eu queria muito, mas muito mesmo, me deitar em um colo e comer pipoca vendo desenho animado e rir muito, e rir muito mesmo, e notar que o desenho animado já acabou a meia hora e nós nem notamos. Hoje eu tô numa saudade enorme de um cheiro, mas tão bom, nem precisa ser de perfume, mas que pra mim é um perfume, um cheiro que me faz fechar os olhos e sorrir... Pois é... hoje eu tô sentindo falta de alguém que eu não sei quem é, talvez até saiba, talvez nem tenha notado ainda, só sei que tô... e muito...

Pequenos Dejavús

Quando a alma encontra pequenos pedaços que foram divididos, é tão sem peso que parece um suspiro depois da gargalhada farta... Uma frase que completa o pensamento do outro, o ombro na hora certa, a facilidade em entender o que não é dito, o abraço, o estar juntos não por necessidade ou obrigação, mas por nada além do mais puro prazer da companhia... Tem um quê de reencontro quando a gente conhece alguém que pensa muito igual. Nesse desenvolver mole e sem maiores pretensões toda coincidência tem um gostinho de dejavú. Quando temos a sorte de reconhecer esses pedacinhos das nossas almas que aparecem quando menos esperamos e mesmo assim não damos o valor devido, nossa pena é amargar uma eterna nostalgia do que não aconteceu sem saber que não aconteceu porque só poderia ter acontecido se fosse assim: Com cada pedaço completando um todo. Sem que um fosse mais importante ou maior, porém sempre essencial. E mesmo que só participassem das nossas vidas por algum tempo ou permanecessem nelas pra sempre, mesmo que um dia nos decepcionassem ou nos magoassem, ainda assim precisaríamos valorizar com total intensidade porque do contrário vagaríamos pela vida e além dela ainda incompletos...

Solo...

Que encanto sutil nessa nova realidade tem me aquietado o coração? É. Porque é sutil. Tão sutil que eu ainda não consegui decifrar, mas sei que me aquieta e me faz inexplicavelmente esperar por algo que não sei o que é, mas sei que é bom.
Tudo é novo e ao mesmo tempo tem um sabor já conhecido. Puro paradoxo, mas como diz meu psicanalista, eu sou paradoxal.
É engraçado porque há um tempo, tudo que eu conseguia sentir era uma dor excruciante, dor esta que substituiu um sentimento que acabara de ser arrancado a ferro. Com o tempo essa enorme depressão em que a dor fazia um lago foi secando aos poucos, e foi se preenchendo de novas sensações, indefinidas às vezes, bem conhecidas em outras vezes, totalmente novas e já automaticamente reconhecidas e aceitas... Creio que tudo isso só ocorreu porque no meio do caos da perda eu não sucumbi ao desejo incandescente de preencher de imediato o vazio com outro sentimento (Esse, aliás, é o mal que poucos sabem evitar), muito pelo contrário, decidi só fazê-lo quando não fosse mais um vazio, quando nada precisasse ser “preenchido” mais, somente quando o que viesse fosse somar e não apenas completar...
Vejo agora um campo onde existem marcas no solo do que outrora era um lago. Em algumas partes já nasceram algumas flores, em outras ainda existem erosões que necessitam de atenção e em breve esse solo estará pronto pra ser trabalhado, já agora como campo fértil e não mais um lago... Vejo agora que compreendendo que não havia proveito em ser um lago, uma depressão onde nada podia ser edificado sem muito trabalho e provavelmente com poucas chances de durar, abri caminhos pra um sem fim de possibilidades, talvez nesse solo seja construída uma estrada, talvez um prédio sólido e bem alicerçado, ou quem sabe várias árvores sejam plantadas e frutos nasçam dessa história... Mas o que sei é que finalmente hoje entendo o por quê de tudo ter acontecido, e entendo que o que acontece hoje faz o que existirá amanhã SE eu permitir que o que vier seja agregado ao solo e não que dele leve parte...