sexta-feira, 2 de março de 2012

Solo...



Que encanto sutil nessa nova realidade tem me aquietado o coração? É. Porque é sutil. Tão sutil que eu ainda não consegui decifrar, mas sei que me aquieta e me faz inexplicavelmente esperar por algo que não sei o que é, mas sei que é bom.
Tudo é novo e ao mesmo tempo tem um sabor já conhecido. Puro paradoxo, mas como diz meu psicanalista, eu sou paradoxal.
É engraçado porque há um tempo, tudo que eu conseguia sentir era uma dor excruciante, dor esta que substituiu um sentimento que acabara de ser arrancado a ferro. Com o tempo essa enorme depressão em que a dor fazia um lago foi secando aos poucos, e foi se preenchendo de novas sensações, indefinidas às vezes, bem conhecidas em outras vezes, totalmente novas e já automaticamente reconhecidas e aceitas... Creio que tudo isso só ocorreu porque no meio do caos da perda eu não sucumbi ao desejo incandescente de preencher de imediato o vazio com outro sentimento (Esse, aliás, é o mal que poucos sabem evitar), muito pelo contrário, decidi só fazê-lo quando não fosse mais um vazio, quando nada precisasse ser “preenchido” mais, somente quando o que viesse fosse somar e não apenas completar...
Vejo agora um campo onde existem marcas no solo do que outrora era um lago. Em algumas partes já nasceram algumas flores, em outras ainda existem erosões que necessitam de atenção e em breve esse solo estará pronto pra ser trabalhado, já agora como campo fértil e não mais um lago... Vejo agora que compreendendo que não havia proveito em ser um lago, uma depressão onde nada podia ser edificado sem muito trabalho e provavelmente com poucas chances de durar, abri caminhos pra um sem fim de possibilidades, talvez nesse solo seja construída uma estrada, talvez um prédio sólido e bem alicerçado, ou quem sabe várias árvores sejam plantadas e frutos nasçam dessa história... Mas o que sei é que finalmente hoje entendo o por quê de tudo ter acontecido, e entendo que o que acontece hoje faz o que existirá amanhã SE eu permitir que o que vier seja agregado ao solo e não que dele leve parte...

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