quinta-feira, 12 de abril de 2012

Papo de super herói



Depois de horas de conversa e uma longa pausa ela disse rindo, já sabendo o que ia provocar:

- é que eu me esqueço que você tem sempre que ser super herói!

- e eu esqueço que você é você!

E agora? Vai provocar, vai...

- e o que eu sou ? - disse já imaginando a resposta mais engraçada do mundo - adoro me ver por outras lentes...
Uma outra longa pausa e de repente o inesperado:

-Você é a verdade que não tem pudor, é a paz que não tem amor, e o ódio que não tem rancor...

Como assim? Como esse cara conseguiu definir tão bem o que nem ela e a sua legião de terapeutas não tinham conseguido definir ainda? Por quê o que era tão bem escondido se mostrava tão fácil pra esse cara? Isso não podia ficar assim...

- sim, sou isso tudo aí às vezes quando preciso ser, mas sou muito, muito mais quando não preciso ser nada e só quero ser tudo...

Será que agora bastava?
Quem dera... Mas o cara era esperto, jogou o truque mais conhecido do mundo,o do "eu tava brincando", mas logo depois acabou por derrubar o restante dos tijolos que ainda perduravam do muro...

- eu tava brincado, você é uma pessoa frágil como todas, mas com sabedoria o suficiente pra não entrar onde tem perigos maiores que suas capacidades

De onde vinha tanta precisão? O que restava a ela além de vociferar análises? Era tudo que ela sabia fazer,então foi o que fez:

- lembra o que eu te disse sobre brincadeira ser um teste do inconsciente pra saber se onde ele tá pisando é solo firme? Pode pisar, o solo é seguro...

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