sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Fá sem Sol




Acabou e eu não me sei mais como antes. Me aprendo agora sem o riso de lembrar da sua presença ausente. O café não tem mais o mesmo gosto, a chuva não é mais gostosa de se tomar sem você. Chove agora aqui mas é uma chuva triste, fria, abafada. Nada tem as mesmas cores que tinha antes, quando você ainda era sol e eu fá, e o som era surpreendentemente harmônico, o tom era outro. Eu sei que os dias vão passar, sei que as memórias também vão, mas agora não. Agora dói. Agora eu quero chorar você. Nosso nós acabou virando você e eu. Nossa música desandou, o acorde dissonou e não dá mais pra consertar. E dói aí, dói aqui, mas o que há de se fazer? Não soubemos nem o que fazer com o espaço que a vida impôs, nem com a dor de não ter sempre por perto. Não chora minha luz, me dói muito mais uma lágrima sua do que uma gota do meu sangue. Eu choro por nós dois, me deixa essa tarefa que é por egoísmo mesmo, que é só assim que posso ainda ser nós dois um pouquinho. Agora eu não quero pensar em amanhã não, nem em avião, em abraço, em nunca mais, agora não, agora eu quero chorar você meu sol, me deixa te chorar pra fora do meu coração, sangrar esse amor até esgotar a esperança que jaz nesse dia que chove que nem eu. Pra você eu sou forte, sou sensata, racional, até fria, mas pra mim, agora não. Pra mim agora eu sou só dor de te ver ali e já não ser mais o seu colo. Pra mim, aqui dentro desse quarto abafado agora, eu sou só o que restou de nós dois. Daqui a pouco vou lá fora ser amiga, mas agora não. Agora eu preciso chorar você pra fora de mim porque nós não somos mais nós. E quando o amanhã chegar eu serei amiga, serei abraço, serei também promessa de tudo bem, só pra não ver mais sair dos seus olhos lágrimas que não te pertencem. A você só os sorrisos, a você, meu zói de lua, só os sorrisos. Amanhã eu te serei firmeza, mas hoje não, deixa eu te chorar...

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