sábado, 9 de janeiro de 2010

Último adeus



Ele subiu no pássaro branco olhando pro chão naquela manhã de sol intenso, sentou-se bem ao lado da janela,passou a mão nos cabelos na mania de toda hora, recostou-se sobre o travesseiro fino, companheiro de todas as viagens e ainda olhando pro chão que ia diminuindo, sem saber ia levando na bagagem um coração que se tornara dele, foi subindo e deixando pra trás quilômetro por quilômetro.

Talvez tenha pedido uma coca zero, rido um pouco das gracinhas dos amigos, companheiros de viagem, tirou muitas fotos,isso eu sei... E muito provavelmente dormiu embalado pelo som de vozes fortes, e talvez, mas só talvez mesmo, tenha se lembrado da noite anterior por um ou dois minutos, e quem sabe um sorriso de canto de boca tenha aparecido junto com alguma sensação boa que há anos não sentia de acordo com as suas palavras alguns dias antes deste.

Quem dera soubesse ele o tamanho do vazio que deixou! Quem sabe assim ele nunca tivesse existido?

Sei que quando o grande pássaro branco pousou, aqueles pés que carregavam poeira de tão longe pisaram seu solo e aí eu sei com certeza que nem que seja um só instante, pensou sim no coração que deixou longe, sei porque disse, sei porque falou que mesmo longe estava perto...

Os dias viraram semanas, meses, as mãos demoraram pra se reencontrar, mas os corações nunca se separaram, até que um dia começaram a pensar somente na própria sorte, começou ai a morte da eterna sensação...

Afundados nas próprias dores não viam um a dor do outro e muito menos viam que a razão da dor era a distancia que não se conta em quilômetros nem dias, mas em silêncios e espaços que antes não existiam...

Hoje estão assim, distantes, em quilômetros, em espaços, mais ainda em silêncios colecionados ao longo do tempo que passou e ele, sem nunca ter ouvido nem dito com todas as palavras que merecia, sem o todo conhecer, se foi da minha vida sem saber que era a razão dela, e mesmo o sendo, desconhecia...

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